segunda-feira, 31 de outubro de 2011




"a luta pela sobrevivência’, ‘o peso do cotidiano’, ‘a carga das responsabilidades’. Mas não me satisfazem.
Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça.
Quero ser diferente. Eu sou. E se não for, me farei."

(Caio F., Limite Branco, 1994)



'Nenhum amor, há tanto tempo, ando até pensando que amor é como uma espécie de fantasia com o Papai Noel, (...). Será? Por favor, me desmente. '


Caio F.


"Sou cheia de fé. Essa mesma fé que me alimenta até hoje, e que me faz ser capaz — de ainda me emocionar ouvindo os Beatles cantarem coisas como “all you need is love, love, love..."

Caio F.



“Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.”

Caio F.



Aqui sentada abandonada
Contemplo o mundo imundo
O tudo e o nada
Assim eu estou tão cansada
Assim perdida alucinada
Sobre o verde veludo desta poltrona
Apaixonada por tudo e nada
Navego em sedas me perco em mares
Eu tão distante do mar da vida
Farta de amores
Cheia de bares
Aqui sentada incendiada
Contemplo o mundo vagabundo
O nada e o tudo
Fumar é um prazer
Toda ferida aqui parada
Quase afogada na lama verde
Veludo mudo poltrona vida
Única amiga de uma cilada
Tão colorida
Que me deixou
Aqui sentada iluminada
Contemplo o mundo o mal o bem
O tudo o nada e o mais além.'



Laura Finocchiaro.



"Não gosto quando a gente fica falando assim no que não foi, no que poderia ter sido. God!"


Durante a minha vida inteira me perguntei por que as pessoas não entendem uma palavra do que eu falo. Cresci, fiz Letras, aprendi a escrever e a escolher minuciosamente as palavras para que a semântica não me traísse. Aprendi a me expressar de forma correta, a escrever o que penso e sinto. Não existe vírgula errada, pontos ou parágrafos mal colocados…E mesmo assim, ainda hoje, ninguém entende uma frase completa.

Infelizmente a gente precisa que as pessoas aprendam a interpretar o que está à sua volta. Infelizmente, sim, porque o meu bem estar muitas vezes depende do que você interpreta sobre mim. É importante, sim, que as pessoas compreendam que você não é o que elas querem que você seja. Quando eu digo que estou magoada, eu estou magoada. Magoada não quer dizer frustrada, não quer dizer triste, não quer dizer coitadinha, não quer dizer com raiva, não quer dizer porra nenhuma que não seja mágoa.

Hoje, depois de uma simples frase bem dita, percebi que não é que as pessoas não entendam… elas simplesmente não ouvem o que não querem ouvir. Clichê demais isso. No entanto, isso deixa de ser clichê quando você se dá conta do que isso realmente significa.



(...)


:(



"Anjo e o diabo brigam incessantemente, e essa é uma das razões pelas quais a vida pode ser divertida:
se a gente tivesse certeza de tudo, qual sería a graça? "


Martha Medeiros.



"Seja qual for o relacionamento que você atraiu para dentro de sua vida, numa determinada época, ele foi aquilo de que você precisava naquele momento.
Repare: Nada é por acaso. Nós nos colocamos em uma espécie de “trilha”, que sempre esteve aí, o tempo todo, à sua espera. Você elegeu seu destino.
A vida que você tem que viver é essa mesma.
"Você não consegue mudar o que não consegue encarar".
Por isso, onde quer que você se encontre, é exatamente onde precisa estar, neste momento. Quando você estiver pronto para fazer uma coisa nova, de maneira nova, você fará. Há sempre alguém à espera da pessoa na qual você está se transformando. Talvez, você ainda não esteja pronto para reconhecê-la. A cada momento, cada um de nós está passando pelo processo de Ser e de se tornar. Como as pessoas, os nossos relacionamentos também mudam. E ainda há muito a aprender sobre AMOR..."


(Deepak Chopra)

domingo, 30 de outubro de 2011

'Evite Meu Amor
Recuse os braços meus
Evitarei os beijos seus
Culpado foi o destino
Se somos dois feridos
Pois preparou a trama
E entregou ao cupido'

Cartola



Senhoras, eu peço desculpas! Para todos os homens que dizem: "Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?", aqui está a novidade para vocês: Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê?

"Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!". Nada mais justo!

Arnaldo Jabor


Não, ele não vai mais dobrar
Pode até se acostumar
Ele vai viver sozinho
Desaprendeu a dividir...

Foi escolher o mal-me-quer
Entre o amor de uma mulher
E as certezas do caminho
Ele não pôde se entregar
E agora vai ter de pagar
Com o coração
Olha lá!
Ele não é feliz
Sempre diz
Que é do tipo Cara Valente
Mas veja só
A gente sabe...

Esse humor
É coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Foi se esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faz assim rapaz
Não bota esse cartaz
A gente não cai não...

Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só!
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Ele não é de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só!
Um jeito de viver
Nesse mundo de mágoas...


Cansei dos 'caras valentes'. Rs



'E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais.'

Caio F.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011




Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.

Hilda Hilst.




Como me sinto? Como se colocassem dois olhos sobre uma mesa e dissessem a mim , a mim que sou cego : isso é aquilo que vê , essa é a matéria que vê . Toco os dois olhos sobre a mesa , lisos , tépidos ainda , arrancaram há pouco, gelatinosos , mas não vejo o ver . É assim o que sinto tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito , e desbocado e cruel , manchado de tintas , essas pardas escuras do não saber dizer , tento amputado conhecer o passo , cego conhecer a luz , ausente de braços tento te abraçar.

Hilda Hilst



"Ai que enjoo me dá o açúcar do desejo."


Ana Cristina César



Acreditei que se amasse de novo
esqueceria outros
pelo menos três ou quatro rostos que amei...
organizei a memória em alfabetos
como quem conta carneiros e amansa
no entanto flanco aberto não esqueço
e amo em ti os outros rostos.

Ana Cristina César.



(...)Eu preciso é ter consciência
Do que eu represento nesse exato momento
No exato instante na cama, na lama, na grama
Em que eu tenho uma vida inteira nas mãos..


Gonzaguinha.



Com tempo ruim
Todo mundo também dá bom dia!


Gonzaguinha.



'Alto de noite, certa loucura, algum álcool e muita solidão.
Quero mais um uísque, outra carreira. Tudo aos poucos vira dia e a vida - ah, a vida - pode ser medo e mel quando você se entrega e vê, mesmo de longe.
Não, não quero nem preciso nada se você me tocar. Estendo a mão.
Depois suspiro, gelado. E te abandono.'


Caio F.




parece até que eu
jamais falei no amor
parece até que jamais amei
criança é mesmo assim
bobagem , beleza só fala
maravilhas banais
quero amar você
de todas as maneiras
que eu puder viver você Estribilho
por todos os caminhos
que eu puder sentir você
em todos os sentidos do prazer
há que fel
mamão com mel
e eu nem preciso asas pra voar
melhor é bem difícil de sonhar
amar viver sentir a vida com você)
amar sentir você mas que prazer
estribilho
há que fel
mamão com mel
e eu nem preciso de asas pra voar
melhor é bem difícil de sonhar
amar, viver, sentir a vida com você

Mamão com mel - Gonzaguinha



'Me mande mentalmente coisas boas . Estou tendo uns dias difíceis - Mas nada, nada de muito Grave '


Caio F.


A vida é um hospital onde cada doente está possuído pelo desejo de mudar de cama


(Charles Baudelaire )


Você deve notar que não tem mais tutu
e dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
e dizer que está recompensado
Você deve estampar sempre um ar de alegria
e dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
e esquecer que está desempregado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você deve aprender a baixar a cabeça
E dizer sempre: "Muito obrigado"
São palavras que ainda te deixam dizer
Por ser homem bem disciplinado
Deve pois só fazer pelo bem da Nação
Tudo aquilo que for ordenado
Pra ganhar um Fuscão no juízo final
E diploma de bem comportado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba, e amanhã, seu Zé
Se acabarem com o teu Carnaval?

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal

E um Fuscão no juízo final
Você merece, você merece

E diploma de bem comportado
Você merece, você merece

Esqueça que está desempregado
Você merece, você merece

Tudo vai bem, tudo legal

quarta-feira, 26 de outubro de 2011




Ostra Feliz Não Faz Pérola

"Ostras são moluscos, animais sem esqueletos, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, de pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas - são animais mansos - seriam uma presa fácil dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem.

Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário.

Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste. As ostras felizes se riam dela e diziam: "Ela não sai da sua depressão...". Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado na sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor.

O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de sua aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava o seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho - por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com seu barco. Lançou a rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-a para casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras, de repente seus dentes bateram num objeto duro que estava dentro de uma ostra. Ele o tomou nos dedos e sorriu de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele a tomou e deu-a de presente para a sua esposa.

Isso é verdade para as ostras. E é verdade para os seres humanos. No seu ensaio sobre O nascimento da tragédia grega a partir do espírito da música, Nietzsche observou que os gregos, por oposição aos cristãos, levavam a tragédia a sério. Tragédia era tragédia. Não existia para eles, como existia para os cristãos, um céu onde a tragédia seria transformada em comédia. Ele se perguntou então das razões por que os gregos, sendo dominados por esse sentimento trágico da vida, não sucumbiram ao pessimismo.
A resposta que encontrou foi a mesma da ostra que faz uma pérola: eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer. Esses são os artistas. Beethoven – como é possível que um homem completamente surdo, no fim da vida, tenha produzido uma obra que canta a alegria? Van Gogh, Cecília Meireles, Fernando Pessoa...”.


Rubem Alves.



Espiritual é o jardineiro que planta o jardim, o pintor que pinta o quadro, o cozinheiro que faz a comida, o arquiteto que faz a casa, o casal que gera um filho, o poeta que escreve o poema, o marceneiro que faz a cadeira. A criatividade deseja tornar-se sensível. E quando isso acontece, eis a beleza!


(Correio Popular, Caderno C, 10/09/2000)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011




"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso, melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar."
(G. Machado)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

'Eu tenho que arranjar algum conforto pra viver. Paixão é bom, eu sei...já tive mais de mil. Mais de mil vezes eu vi que era engano, que era por mim que eu estava chorando e tanto tempo eu tento que me sirva de consolo. Eu quero amar alguém, sem delirar de novo. Se Deus existe mesmo e o amor é seu agente, então ele só pode fazer bem pra gente.'


[Cazuza]

quarta-feira, 19 de outubro de 2011



“pensando nas camas

usadas e reutilizadas

para trepar

para morrer.



nesta terra

alguns de nós trepam mais do que

nós morremos

mas a maioria de nós morre

melhor do que

trepamos,

e morremos

bocado a bocado também –

em parques

tomando sorvete, ou

nos iglus

da demência,

ou em esteiras de palha

ou sobre amores

desembarcados

ou

ou.



:camas, camas, camas

:banheiros, banheiros, banheiros



o sistema de esgoto humano

é a maior invenção do

mundo.



e você me inventou

e eu inventei você

e é por isso que nós não

damos

mais certo

nesta cama.

você era a maior invenção

do mundo

até que resolveu

me mandar descarga

abaixo.



agora é a sua vez

de esperar que alguém aperte

o botão.

alguém fará isso

com você,

puta,

e se eles não fizerem

você fará –

misturada ao seu próprio

adeus

verde ou amarelo ou branco

ou azul

ou lavanda.”

Charles Bukowski




Rs.


todas as mulheres
todos os beijos as
diferentes formas que amam e
falam e carecem.

suas orelhas todas elas têm
orelhas e
gargantas e vestidos
e sapatos e
automóveis e ex-
maridos.

na maioria das vezes
as mulheres são muito
quentes elas me lembram
torrada com a manteiga
derretida
nela.

está estampado no
olhar: elas foram
tomadas elas foram
enganadas. eu nunca sei o que
fazer por
elas.

sou
um bom cozinheiro um bom
ouvinte
mas nunca aprendi a
dançar — eu estava ocupado
com coisas maiores.

mas eu apreciei suas variadas
camas
fumando cigarros
olhando para o
teto. não fui nocivo nem
desleal. apenas
um aprendiz.

eu sei que todas têm
pés e descalças elas andam pelo piso enquanto
eu olho suas modestas bundas no
escuro. sei que gostam de mim, algumas até
me amam
mas eu amo muito
poucas.

algumas me dão laranjas e vitaminas;
outras falam mansamente da
infância e pais e
paisagens; algumas são quase
loucas mas nenhuma delas deixa de fazer
sentido; algumas amam
bem, outras nem
tanto; as melhores no sexo nem sempre são as
melhores em outras
coisas; cada uma tem seus limites como eu tenho
limites e nós aprendemos
cada qual
rapidamente.

todas as mulheres todas as
mulheres todos os
quartos
os tapetes as
fotos as
cortinas, é
algo como uma igreja
raramente se ouve
uma risada.

essas orelhas esses
braços esses
cotovelos esses olhos
olhando, o afeto
e a carência eu tenho
agüentado eu tenho
agüentado.



Charles Bukowski
[do livro “War All the Time – Poems 1981-1984”
— tradução de Andrew Clímaco]



eu disse então a ela na cama
depois de voar todo o caminho
até ali
eu disse a ela na cama
em seguida,
”não tem como voltar atrás,
você sabe, é danado
de ruim…”

e era
contudo eu fiquei 2 ou
3 dias
e então ela me levou
ao aeroporto
o cachorro no
banco de trás
aquele cachorro que tinha vivido
conosco
naqueles poucos
anos.

eu saí
disse a ela
”não entre”,
o cachorro pulou pra cima
e pra baixo,
ele sabia que eu estava indo embora,
assanhei seu pêlo,
ele lambeu em torno
do meu rosto.
que merda.
inclinei-me para dentro
segurando minha mala,
ela me deu um
beijinho de adeus,
então eu me virei e
caminhei para o
guichê do aeroporto
onde o controlador
destacou a
outra metade do meu bilhete de ida
e volta.

“fumante ou não-
fumante?”, o funcionário
perguntou.

“bebedor”, eu
respondi.

recebi meu bilhete de embarque
e caminhei até
o portão
me sentindo mal

por todos
que eu conhecia

que não conhecia

que ia
conhecer.

´Charles Bukowiski.


outra cama
outra mulher

mais cortinas
outro banheiro
outra cozinha

outros olhos
outro cabelo
outros
pés e dedos.

todos à procura.
a busca eterna.

você fica na cama
ela se veste para o trabalho
e você se pergunta o que aconteceu
à última
e à outra antes dela…
é tudo tão confortável -
essse fazer amor
esse dormir juntos
a suave delicadeza…

após ela sair você se levanta e usa
o banheiro dela,
é tudo tão intimidante e estranho.
você retorna para a cama e
dorme mais uma hora.

quando você vai embora é com tristeza
mas você a verá novamente
quer funcione, quer não.

você dirige até a praia e fica sentado
em seu carro. é meio-dia.

- outra cama, outras orelhas, outros
brincos, outras bocas, outros chinelos, outros
vestidos
cores, portas, números de telefone.

você foi, certa vez, suficientemente forte para viver sozinho.
para um homem beirando os sessenta você deveria ser mais
sensato.

você dá a partida no carro e engata a primeira,
pensando, vou telefonar para Janie logo que chegar,
não a vejo desde sexta-feira.

Charles Bukowski do livro O Amor É um Cão dos Diabos.

domingo, 9 de outubro de 2011




"Vida: existência efetiva, movimento da matéria num estado de organização, agitação, atividade, movimento.
Morrer: deixar de viver.
Gostar: desejar muito. Não chegar a concluir-se, extinguir-se, enfraquecer.
Morte: cessação das funções vitais. O fim da vida, ter estado e já não estar.
Amar: ter amor, afeição, devoção, estimar. Pilar, Pilar, Pilar..."

"Subi ontem a Montanha Blanca. Lembro de haver pensado, enquanto subia:
'Se caio aqui, me mato, acabou-se, não farei mais livros.'
Não liguei ao aviso. A única coisa realmente importante que tinha para fazer naquele momento era chegar lá acima."

José Saramago
In: José e Pilar (documentário) - 2010



"O Dito dizia que o certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundas. Podia?

Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma."


João Guimarães Rosa.



"-Você tem paz, Clarice?
-Nem pai nem mãe.
-Eu disse "paz".
-Que estranho, pensei que tivesse dito "pais". Estava pensando em minha mãe alguns segundos antes. Pensei - mamãe - e então não ouvi mais nada. Paz? Quem é que tem?"

Clarice Lispector entrevistada por Marisa Raja Gabaglia -

quarta-feira, 5 de outubro de 2011





-Água mole em brasa viva tanto dá até que apaga, a rima que a ponha outro.


Saramago.



Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.


Do livro Ensaio Sobre a Cegueira - Saramago.



-É que vocês não sabem, não o podem saber, o que é ter olhos num mundo de cegos.



Do livro Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago.



"Pensou em subir na vida
Notou que os degraus eram os seus semelhantes
Que a escada era feita de homens curvados
De crianças maltrapilhas
De velhos com fome
Pediu perdão
Se afastou de cabeça baixa"

Trecho do Livro Rota 66 - Caco Barcelos.



Aqui
Eu nunca disse que iria ser
A pessoa certa pra você
Mas sou eu quem te adora
Se fico um tempo sem te procurar
É pra saudade nos aproximar
E eu já não vejo a hora

Eu não consigo esconder
Certo ou errado, eu quero ter você
Você sabe que eu não sei jogar
Não é meu dom representar
Não dá pra disfarçar
Eu tento aparentar frieza mas não dá
É como uma represa pronta pra jorrar
Querendo iluminar
A estrada, a casa, o quarto onde você está
Não dá pra ocultar
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer me enxergar e se enxergar em mim

Aqui
Agora que você parece não ligar
Que já não pensa e já não quer pensar
Dizendo que não sente nada
Estou lembrando menos de você
Falta pouco pra me convencer
Que sou a pessoa errada

Eu não consigo esconder
Certo ou errado, eu quero ter você
Você sabe que eu não sei jogar
Não é meu dom representar
Não dá pra disfarçar
Eu tento aparentar frieza mas não dá
É como uma represa pronta pra jorrar
Querendo iluminar
A estrada, a casa, o quarto onde você está
Não dá pra ocultar
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer me enxergar e se enxergar em mim