Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:
quando cheias de areia, de formiga e musgo - elas
podem um dia milagrar de flores.
(Os objetos sem função têm muito apego pelo abandono.)
Também as latrinas desprezadas que servem para ter
grilos dentro - elas podem um dia milagrar violetas.
(Eu sou beato em violetas.)
Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam a Deus.
Senhor, eu tenho orgulho do imprestável!
(O abandono me protege.)
[Manoel de Barros]
Flavinha, que lindeza de texto!
ResponderExcluir"milagrar de flores" é algo que praticamente conseguimos enxergar... com os olhos da alma.
Beijo
Carla