quarta-feira, 2 de novembro de 2011




"O medo é o que nos faz persistir. Já pensaste o que seria se não houvesse a falta, a ausência, que nos faz persistir em procurar? Seria o tédio avassalador a tomar conta de nós. A falta não é uma insuficiência, um defeito a que estaríamos condenados, ao qual nós próprios nos condenássemos. A falta é o que nos faz continuar. E o mais importante é aprender, o mais lindo. E a ignorância é a condição de aprender. Não saber e querer saber. É a minha contradição, o que completa o meu destino. (…) O que nos faz falta não é isto nem aquilo que sabemos o que é. O que nos faz falta é o amor que não se sabe. Estranha é a nossa condição, a vida que nos acompanha e que, de repente, nos deixa. Nem no fim saberemos o que fomos. O princípio é traiçoeiro. O fim jamais acontecerá. E quanto mais amamos menos sabemos da palavra amor, o que nos faz falta. Sentimos o que faz falta, o que é outra coisa. No amor, tudo nos faz falta. Tentar dizer o que é o amor, a ausência de nós, é como tentar dizer a um que não vê, qual é a cor do mar. Insistimos em saber. Devíamos desistir. Sabe-se lá do amor. E sem ele nada há. Tudo preenche, tudo ocupa, os lugares mais secretos, onde já nada esperávamos encontrar. Sim, sobretudo aí. É urgente aprender a sentir a falta que nos faz."


[Pedro Paixão, in "Os Corações Também Se Gastam"]


E faço de suas palavras, as minhas.

Um comentário:

  1. Tarefa difícil esse mês. Vou ter que escolher uma escrita dentre as muitas belas no meu vicinal. Então, quem sabe você poderia me ajudar e enviar para o e-mail ‘michelesantti@gmail.com’ o teu fragmento predileto.
    Fiquei lisonjeada quando o querido QUIM postou minha escrita em seu blog. Assim, decidi adotar a ideia e de uma forma honrosa, postar os autores mais próximos: os blogueiros, meus colegas avatares.

    Beijos e ótima semana,
    Mih

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