Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
Drummond.
Perfeito.
ResponderExcluirNão somos inocentes.
ResponderExcluirQue texto do Drummond. Tudo é uma verdade colocada meticulosamente. Poesia de alto nível, de realeza.
Esse espaço continua incrível.
É verdade, Bruno!
ExcluirOs "dinossauros" estão de volta. Na verdade, nunca foram extintos, somente sufocados pelo mar de mediocridade da cultura contemporanea. Vamos continuar cultuando nossos mestres, pois eles continuam atuais em sua poesia e verdades.
ResponderExcluirPaulo Bettanin.
A mais pura verdade, viu?
ResponderExcluirBeijos e obrigada pela visita.
Lindo poema <3
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