quarta-feira, 15 de dezembro de 2010




(...)De alguma forma essa cena costumava retornar com mais freqüência quando me olhava ao espelho, e foi talvez um pouco por isso que resolvi eliminá-los de casa. Sem querer vejo às vezes minha própria imagem refletida em alguma das vidraças ou no fundo de um copo, mas desvio logo os olhos. Mesmo assim posso perceber uma sombra difusa, parece cinza e longa.
Paro um pouco, agora. Fiquei exausto tentando dizer sem conseguir. Não sei se me estendo demasiado assim, mas é desse jeito que tudo surge, com enorme esforço para brotar, e brotando turvo, emaranhado, confuso. Contar é desemaranhar aos poucos, como quem retira um feto de entre vísceras e placentas, lavando-o depois do sangue, das secreções, para que se torne preciso, definido, inconfundível como uma pequena pessoa. O que conto agora é uma pequena pessoa, tentando nascer.
Talvez num novo outro, o outro antigo voltará.


[Caio F.]

3 comentários:

  1. Essa cena é comum em nosso meio, mas uma nova pessoa está chegando :)

    :*

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  2. Defino o momento como ser Fenix!
    Renascer das cinzas,sempre =)

    UM BEIJO! =*

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  3. Olá,td bem?
    Ás vezes nos sentimos assim mesmo...
    Bjs e um Feliz Natal e ótimo 2011!

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