segunda-feira, 23 de maio de 2011




“Veja, Lorena, aqui na mesa este anjinho vale tanto quanto o peso de papel sem papel ou aquele cinzeiro sem cinza, quer dizer, não tem sentido nenhum. Quando olhamos para as coisas, quando tocamos nelas é que começam a viver como nós, muito mais importantes do que nós porque continuam. O cinzeiro recebe a cinza e fica cinzeiro. O vidro pisa o papel e se impõe, esse colar que você está enfiando... é um colar ou um terço?
-Um colar
-Podia ser um terço?
-Podia.
-Então é você que decide.
(...)
-Veja Lorena... Os objetos só têm sentido quando têm sentido, fora disso... Eles precisam ser olhados, manuseados. Como nós. Se ninguém me ama viro uma coisa ainda mais triste do que essas, porque ando, falo, indo e vindo como uma sombra, vazio, vazio”


[Lygia Fagundes Telles- Os objetos]

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