quarta-feira, 9 de dezembro de 2009



Senhor, a noite veio e a alma é vil.

Tanta foi a tormenta e a vontade!

Restam-nos hoje, no silêncio hostil,

O mar universal e a saudade.

Mas a chama, que a vida em nós criou,

Se ainda há vida ainda não é finda.

O frio morto em cinzas a ocultou:

A mão do vento pode ergue-la ainda.

Dá o sopro, a aragem, – ou desgraça ou ânsia -

Com que a chama do esforço se remoça,

E outra vez conquistemos a Distância -

Do mar ou outra, mas que seja nossa!



[Fernando Pessoa]

5 comentários:

  1. Que lindo, Fernando Pessoa manda muito bem.
    adorei o poema.

    beijinhos e ótima quarta !

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  2. [gostava de saber a composição da mão de Pessoa... invisível à matéria, de modo a poder tocar directamente no seu vaso vítreo e coronário?
    mistério, insondável, mas visível imaginário!]

    um imenso abraço
    virtual, mas de carne e osso

    Leonardo B.

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  3. Graaandee Pessoa!
    De uma sensibilidade incrível.

    Parabéns a você, pelo bom gosto indiscutível.


    beijos!

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  4. Olá Flávia, encontrei suas páginas através do blog da Nívea (que inclusive está com um comentário acima), e gostei bastante, até também por encontrar Pessoa já de início; estarei acompanhando.

    Abraços Marco

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