terça-feira, 2 de agosto de 2011



"Eu ia te escrever qualquer dia, eu tinha — e tenho — um monte de coisas pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque acha que as
vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei. Mas as coisas todas, externointerno, eram muito difíceis e escuras, eu não tinha condições de mostrar ou dar nada a ninguém que não fosse também escuro, compreende? Eu não queria, eu não quero dar trevas, dor, medo, solidão — eu quero dar e ser luz, calor, amparo (naquela cerimônia do chá em Sta. Teresa eu disse que queria ser ombro, você disse que queria ser um ovo — será que um ovo pode se apoiar num ombro sem quebrar?)."

[ Caio F. Porto Alegre, 21 de março de 1972 - Da carta "A Vera Antoun"]

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