terça-feira, 22 de dezembro de 2009


.. Mas só muito mais tarde, como um estranho flash-back premonitório, no meio duma noite de possessões incompreensíveis, procurando sem achar uma peça de Charlie Parker pela casa repleta de feitiços ineficientes, recomporia passo a passo aquela véspera de São João em que tinha sido permitido tê-lo inteiramente entre um blues amargo e um poema de vanguarda. Ou um doce blues iluminado e um soneto antigo. De qualquer forma, poderia tê-lo amado muito. E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrado. Como uma ideologia, como uma geografia: palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros de outro corpo, e no território conquistado hastear uma bandeira. Como quando, olhando para baixo, a deusa se compadece e verte uma fugidia gota do néctar de sua ânfora sobre nossas cabeças. Mesmo que depois venha o tempo do sal, não do mel. ...


Caio Fernando de Abreu

4 comentários:

  1. ah que lindo, tudo do caio é perfeito mesmo!
    adorei teu blog :)
    te sigo

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  2. Caio F. amo demais, ele me transporta pra um misto incerto dessa vida.

    bjs flor.

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  3. Oii!
    Vou repetir o q a Taiina disse: perfeito.
    Amo amo amo Caio. Posso te linkar?
    Beijos

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  4. sobretudo quero primeiro agradecer pelo que lindo que você deixou no meu blog e agora quero fazer algo mais importante que é comentar esta postagem, mas falta me palvras suficientes, algo que eu não consigo e entender o a amor e por isso penso que o verdadeiro amor e aquele que não se define mas ao ler suas postagens tenho o estranha sensação de ser possuido por um sentimento que tento fugir e não é o amor mas qualquer cousa do genero...é o mesmo que amar pela palavra e você me leva a este mundo que eu não escrevo e desconheço a não ser quando falo da bailarina...parabens flavia por saber usar tão bem este sentimento indefinivel por ser apenas verdadeiro

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