quinta-feira, 25 de março de 2010




às três e meia da madrugada
a porta se abre
e há passos na entrada
que trazem um corpo,
e uma batida
e você repousa a cerveja
e vai ver quem é.

com os diabos, ela diz,
você não dorme nunca?

e ela entra
com o cabelo nos rolinhos
e num robe de seda
estampado de coelho e passarinho

e ela trouxe a sua própria garrafa
à qual você gloriosamente acrescenta
2 copos;
o marido, ela diz, está na Flórida
e a irmã manda dinheiro e vestidos para ela,
e ela tem estado procurando emprego
nos últimos 32 dias.

você diz a ela
que é um cambista de jóquei e
um compositor de jazz e canções românticas,
e depois de uns dois copos
ela não se preocupa com cobrir
as pernas
com a beira do robe
que está sempre caindo.

não são pernas nada feias,
na verdade são pernas ótimas,
e logo você está beijando uma
cabeça cheia de rolinhos,

e os coelhos estão começando a
piscar, e a Flórida é longe, e ela diz
que não somos realmente estranhos
porque ela tem me visto na entrada.

e finalmente
há muito pouca coisa
para dizer.


[Charles Bukowski]

4 comentários:

  1. Que lindo, me passaste um sentimento fantástico através disto tudo.

    obrigada pela visitinha no Sons, Café e Cigarro..
    meu blog pessoal é "O escondido".

    beijos linda!

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  2. lindo e no final ñ há mais o que falar mesmo!

    Beijos

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  3. Adorei o blog. Passarei sempre por aqui.
    Sigo-te. Um beijo e bom final de semana.

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