Eu não tenho cabelos vermelhos e o meu vestido não é amarelo. Eu sou só uma menina invisível, deitada na grama invisível que a moça que não sabia desenhar, não desenhou. Aquele é o menino que eu não lhe falei. Ele sempre está preso num único instante; o instante em que o moço que sabia desenhar, o desenhou.
O balão que subia as nuvens, com várias crianças chamando, teve de desviar o caminho, pois não fazia parte desse desenho. O avião que trazia uma faixa, com linda declaração de amor, teve de mudar a rota, pois neste céu azul é que não foi desenhado. O pombo-correio que veio voando de fora da imagem, bateu o bico na borda e caiu. Por isso, o menino está sempre só.
Se as crianças do balão não conseguiram. Se o avião também não conseguiu. Se nem o pombo-correio teve sucesso, como é que eu, uma menina invisível, feita de palavras, poderia chegar até ele? Foi o que passei dias e dias pensando. Então, numa de minhas viagens, ouvi dizer que uma imagem valia mais do que mil palavras. Não tive dúvidas. Abri a oficina invisível, acendi as luzes transparentes e comecei a construir este imenso abraço de palavras. De mil e duas palavras. Para, um dia, entregar a ele.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ah, uma menina de cabelos vermelhos já me causou muito sofrimento há um tempo atrás...nem sei se ainda quero alguém assim...mas se é pra não gostar dela, como assim ela disse, eu gostei...quando somos proibidos de algo é que as coisas acabam acontecendo...
ResponderExcluirAcho que o impossivel só existe para pessoas com coragem provarem que todo mundo pode ir onde quiser... se acreditar...
que lindo.. onde vc consegue estes tipos de poemas e versos..?? eu nunca encontro..
ResponderExcluir=D
que lindo,
ResponderExcluirsempre ótimas escolhas
bom feriado...