segunda-feira, 18 de janeiro de 2010





saudade do nosso ideograma
saudade da nossa história
e da felicidade de quem é amado
e ama.

saudade do adesivo fosforescente do pato
grudado
na porta branca do nosso quarto.

saudades dos teus beijos, dos teus becos, dos teus braços,
do hábito do teu hálito
e da lua na tua tatuagem.

- deus, é saudade pra horizonte e meio!
saudade estribo,
saudade barrigueira,

rédea, pelego, cabresto e arreio.
saudade pra burro.
saudade sem freio.

água branda de correnteza e lambari
saudade parente transparente
pra lá e praquí.

saudade imensa. dessas que não pára:
ganha praça, cidade, rodoviária e não pensa.
só viaja.

saudade passarinho sem ninho
saudade borboleta bêbada
- nunca saudade naja! -

e nem adianta fechar cancela
ou querer sair da frente.
a saudade que atropela
sabe sempre onde mora a gente.


[Marcos Caiado]

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