segunda-feira, 18 de janeiro de 2010



"Vão vagos pela estrada,
Cantando sem razão
A última esp’rança dada
À última ilusão.
Não significam nada.

Mimos e bobos são.
Vão juntos e diversos
Sob um luar de ver,
Em que sonhos imersos
Nem saberão dizer,
E cantam aqueles versos

Que lembram sem querer.
Pajens de um morto mito,
Tão líricos! Tão sós!,

Não têm na voz um grito,
Mal têm a própria voz;
E ignora-os o infinito
Que nos ignora a nós."


[Fernando Pessoa]

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