segunda-feira, 9 de agosto de 2010





A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.


[Alvaro de Campos]

7 comentários:

  1. Hello Flávia

    very nice ....i like the colors.

    greetings, Joop

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  2. Desejo que em sua vida...
    Não exista cara feia,
    Não exista bolso furado,
    Não exista tempo apressado,
    Muito menos grãos de areia.
    Não exista tempo fechado,
    Não exista problema dobrado,
    Não exista sonho frustrado,
    Muito menos amor acabado.
    Não exista amigo esquecido,
    Não exista negócio falido,
    Não exista boato mexido,
    Muito menos dinheiro sumido.
    Não exista tempo nublado,
    Não exista ambiente abafado,
    Não exista corpo dobrado,
    Muito menos bom senso abalado.
    Não exista mágoa engolida,
    Não exista emoção reprimida,
    Não exista alma sofrida,
    Muito menos felicidade perdida...
    Só desejo que você seja feliz!!!
    ADOREI SEU BLOG BJS EM CASCATA

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  3. Amo poesia!!]
    e onde tem eu to participando!
    Sou poeta e escritor!!
    Estou aki sempre agora tanto que vou seguir!

    espero que faça visitas sempre no meu tb!http://momentodejavu.blogspot.com/

    comente e sigase puder!
    Beijos

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  4. Bem sei que os versos de Álavaro de Campos eram viscerais. Daqueles de fazer os ossos se soltarem da carne. Deve ter sido de tanto ele se cortar nos cacos das suas lembranças.


    Te abraço com cuidado.

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  5. Belo blog, Flávia.
    És de João Pessoa? Sou de Campina Grande, somos vizinhas! =)
    Virei aqui mais vezes!!!

    Bjos!!!

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  6. Olá, através de uma seguidora sua vim visitar o seu blog... gostei bastante...
    Adoro ler... adoro escrever... mas também adoro ver um pouquinho da alma de cada um...
    convido-te para visitar a minha também

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