quinta-feira, 3 de setembro de 2009
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,teu perfil exato e que, apenas, levemente, o ventodas horas ponha um frêmito em teus cabelos...É preciso que a tua ausência trescalesutilmente, no ar, a trevo machucado,as folhas de alecrim desde há muito guardadasnão se sabe por quem nalgum móvel antigo...Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janelae respirar-te, azul e luminosa, no ar.É preciso a saudade para eu sentircomo sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevistaque nunca te pareces com o teu retrato...E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mario Quintana
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