segunda-feira, 30 de novembro de 2009



    Sossega, coração! Não desesperes!
    Talvez um dia, para além dos dias,
    Encontres o que queres porque o queres.
    Então, livre de falsas nostalgias,
    Atingirás a perfeição de seres.

    Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
    Pobre esperença a de existir somente!
    Como quem passa a mão pelo cabelo
    E em si mesmo se sente diferente,
    Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

    Sossega, coração, contudo! Dorme!
    O sossego não quer razão nem causa.
    Quer só a noite plácida e enorme,
    A grande, universal, solente pausa
    Antes que tudo em tudo se transforme.

    Fernando Pessoa, 2-8-1933.

3 comentários:

  1. [palavra pessoa é nave da terra, que em poema bruma infindável tudo encerra; e o mais é nada, o mais é tudo o que a nossa mão possa tragar]

    um imenso abraço, Flávia
    até sempre,
    deste lado do ribeiro atlântico

    Leonardo B.

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  2. Olá, Flávia, sempre faço umas viagens em alguns blogs e por acaso encontrei o seu, nossa esse seu espaço é lindo, parabéns! Sei que ainda encontrarei muita coisa por aqui, por isso não perderei mais esse caminho :)

    Um abraço,
    Geraldo.

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  3. |para deixar dois tesouros: 1 abraço e 1 passa lá na esplanada em www.abarcadosamantes.blogspot.com, no post de hoje... é que não encontrei o teu endereço electrónico e quem não tem cão caça com com elefante, se necessário for!

    um imensamente imenso abraço
    com dois braços feitos em quatro, e tudo

    Leonardo B.

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