quarta-feira, 28 de abril de 2010




"Fui injusto - um pouco - ou excessivo com você. Ma non troppo.

(...)

Após dez meses de ausência, sem trabalho, sem casa sem nada. Discretamente enviei sinal de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinho. Isso me endureceu um pouco mais. Não foi só você.

(...)

Não me lamuriei. Mas preciso que as pessoas saibam que isso doeu - exatamente porque algumas destas pessoas, como você ou Jacqueline, importam para mim.

(...)

Tenho um passado hippie que me deixou muitas coisas boas. Estou sempre preocupado com a ética, com a beleza, com a dignidade. Sou educadíssimo, e fui criado de maneira muito católica, com toda aquela culpa de 'maus' pensamentos, 'más' ações, e uma terrível nostalgia da 'bondade' (como a ¨Alice¨do Woody Allen). Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras - e por tudo isso, ando cada vez mais só. É como me sinto melhor.

(...)

Amigos não "são para essas coisas", não. Isso é um clichê detestável, significando quase sempre que amigo é saco de pancadas, é uma espécie de privada onde o outro pode jogar dejetos, detritos imundos e dar descarga. Amigos são para dividir o bem e o mal, mas também para deixarem as coisas sempre limpas entre eles - amigos devem ser solidários.

(...)

mon cher, precisamos - eu e você e todo mundo - tomar muito cuidado com esses tempos. São tempos de horror.

(...)

Je t embrasse"

[Caio F.]

Um comentário:

  1. Como sempre Flavinha, sabia escolhas, de uma sensibilidade incrível, saudades menina,

    Beijos afetuosos
    do Ge.

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