quarta-feira, 11 de agosto de 2010






O amor quer abraçar e não pode.

A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é.


[Adélia Prado]

3 comentários:

  1. Lovely ....nice colors Flavia

    greetings, Joop

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  2. Bonito este poema de Adélia Prado que eu não conhecia.

    Obrigada!

    L.B.

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  3. Tirei o dia hoje para conhecer novos blogs, e como tem blogs nessa imensa blogsfera, e foi assim que acabei chegando até o seu.
    Uma delicia de leitura, gostei daqui.

    Fica aqui o convite para conhecer o meu, serás um prazer te receber Pelos Caminhos da Vida.

    Bom dia!

    beijooo.

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